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A Heresia de Colossos

Ao lermos a epístola de Paulo aos Colossenses, em um dado momento somos sugeridos por esta leitura a pensar que o comportamento dos crentes colossenses, era o de buscar um tipo de satisfação além daquela encontrada na pessoa de Cristo. Obviamente tal comportamento é reputado como uma atitude herética. Tal heresia deve ser analisada à luz das pistas deixadas por Paulo na epístola. Alguns eruditos preferem falar em “tendências” em vez de “heresias”. Eles sugerem que os recém convertidos estavam debaixo de uma pressão externa a conformarem-se às crenças e práticas de seus vizinhos judeus e pagãos. Porém, à luz de Colossenses 2.8-23, com suas referências à “plenitude”, e às instruções específicas acerca da autodisciplina (“não toques!”, etc. Verso 21), as regras sobre alimentos e dias sagrados, frases não comuns que parecem ser palavras chaves dos oponentes de Paulo, e a forte ênfase sobre o que Cristo havia conquistado através de sua morte e ressurreição, parece apropriado falar de uma “heresia” que começava a penetrar na congregação.

O tal ensino foi estabelecido como “filosofia” (Colossenses 2.8), baseado sobre a “tradição” (uma expressão que denota sua antiguidade, dignidade e caráter revelador) que pretendia repartir conhecimento verdadeiro (Colossenses 2.18,23). Paulo parece estar citando os ditos de seus oponentes em seu ataque contra seus ensinamentos: Colossenses 2.9, “toda a plenitude” comprazendo-se em fingir “humildade e culto aos anjos”; Colossenses 2.21, “não toques”; e Colossenses 2.23, reputação de “ser sábios em uma certa religiosidade, humildade e duro tratamento do corpo”. A observância a estes tabus e essa “filosofia” se relacionava com a obediência aos “princípios elementares do mundo” (Colossenses 2.20).Como podemos compreender estas características não comuns?

Os eruditos não concordam completamente acerca da natureza deste ensino. Basicamente a heresia tinha uma influência judaica, já que incluía regras alimentares, o guardar o sábado e outras regras do calendário judeu. A circuncisão é mencionada em Colossenses 2.11, porém não aparecem como um requerimento legal. Então que classe de judaísmo é esse? Parece que não fora a classe do judaísmo estrito e duro contra o qual as igrejas da Galácia foram advertidas, mas sim um tipo em que figuravam o misticismo e autodisciplina onde os anjos, principados e potestades tinham um papel na criação e na entrega da lei. Eles eram considerados intermediadores na comunicação entre Deus e a humanidade, e, portanto, deviam ser aplacados por guardar certas observâncias legais restritas.

Se tem feito um número importante de sugestões a respeito da natureza da “filosofia” de Colossos. Algumas incluem a de uma seita de mistérios pagãos [uma combinação de elementos pagãos e uma forma gnóstica do judaísmo]. Outros consideram que o falso ensino em Colossos estava conectado com formas místicas e ascéticas de piedade judaica [como aquelas, por exemplo, que se encontrava em Qumram]. Esta piedade era para uma elite espiritual instada a progredir em sabedoria e em conhecimento e assim alcançar à verdadeira “plenitude” e “humildade” (Colossenses 2.18,23). Foi um termo usado pelos oponentes para denotar práticas de autonegação que abririam aos crentes as visões dos mistérios celestiais e as experiências místicas. Assim os “maduros” podiam lograr entrar nos céus e unir-se à “adoração angélica de Deus” como parte de uma experiência presente (Colossenses 2.18).

De forma similar hoje em dia homens e mulheres creem que se ordenarem suas vidas por uma série de regras e normas, poderão alcançar a complacência divina. Estas regras e ordenanças podem aparecer em diferentes áreas da vida, como nas esferas morais, sociais, políticas e religiosas. Uma sensação de gozo e realização é sentida por aqueles que guardam tais regras, enquanto que vergonha e fracasso são sentidos se não se conseguem alcançarem as normas requeridas.

Porém tal esforço é egocêntrico, focado sobre o mérito humano. Mesmo os crentes podem cair em um legalismo semelhante, pensando que seria correto “pagar” a Deus, ainda que seja de uma maneira limitada, pela bênção da salvação. Por outro lado, alguns podem pensar que é necessário seguir as regras de índoles religiosas, com o fim de crescer como cristãos e converter-se em santos. Porém todo esse esforço diminui o valor da obra salvadora de Cristo na cruz. O erro é similar daqueles falsos mestres de Colossos.


por Adriano Carvalho
do INPR Brasil







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