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O que é a Maçonaria

Segundo J. Cabral, a Maçonaria é uma sociedade secreta de fins filantrópicos, com uma filosofia religiosa semelhante ao deísmo inglês do começo do século XVIII. É lógico, entretanto, que a Maçonaria já se dividiu sobremaneira, de tal forma que não existe hoje um padrão maçom que possa ser aplicado a todas as suas divisões. Consequentemente, a definição de Maçonaria dependerá do país no qual é praticada, da filosofia própria de cada uma de suas divisões ou ainda do conceito que se lhe atribui.

Origem

Surgiu oficialmente no século XVII, quando James Anderson fundou a Grande Loja de Londres. A maioria dos maçons, porém, é de opinião que a Maçonaria deve sua origem a existência a uma confraria de pedreiros, criada por Numa, em 715 a.C. que viajava pela Europa e mais tarde construiriam basílicas. Com o passar dos tempos, porém, essa sociedade perdeu o seu caráter primitivo e muitas pessoas estranhas à arquitetura nela foram admitidas.

Em 1730 os ingleses introduziram as lojas nos Estados Unidos, onde esta concentrado o maior número de maçons do mundo (existem cerca de dezesseis mil lojas maçônicas no país). Nada menos que 14 presidentes maçons governaram os EUA.

Em seus primórdios a Maçonaria era quase um sindicato.

a) Maçonaria Operativa – restringia-se apenas a artesões;
b) Maçonaria Especulativa – aberta a outros membros, como clérigos, políticos e cientistas.

No inicio do século XVIII, as reuniões da loja eram realizadas em salas particulares de uma hospedaria ou taverna, com os membros sentados em torno de uma longa mesa sobre cavalete

A Maçonaria nos bastidores da História

A presença da Maçonaria do ponto de vista histórico no cenário dos últimos séculos é um dos mais interessantes – e importantes. De maneira bastante discreta, seus membros exerceram influência relevante em vários acontecimentos na história européia. A presença maçônica pode ser notada, por exemplo, na Revolução Francesa, deflagrada no final do século XVIII. Seus “ideais” foram lemas adotados nesse episódio e mostraram que havia interesses ocultos por trás da revolução – que teve como lema os ideais “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Esses princípios também foram relevantes no processo de Independia dos Estados Unidos.

A Maçonaria também deixou sua marca de relevância na história brasileira। Entre os principais adeptos nacionais, destacamos os seguintes:

1) Joaquim José da Silva Xavier (popularmente conhecido como Tiradentes);
2) Dom Pedro I;
3) José Bonifácio de Andrada;
4) Marechal Deodoro da Fonseca;
5) Campos Salles;
6) Hermes da Fonseca;
7) Jânio da Silva Quadros;
8) Nilo Peçanha;
9) Prudente de Moraes;
10) Washington Luis;
11) Wenceslau Brás.

Religião ou entidade filantrópica?

Embora alguns maçons façam questão de afirmar que a Maçonaria não é uma religião, as mais altas autoridades maçônicas do mundo se referiram a ela como tal.

“A Maçonaria não é, pois, uma simples instituição filantrópica e social: é uma ciência, uma filosofia, um sistema moral, uma religião” (Estudos Sobre a Maçonaria Americana, Preuss, pág. 25).

“Filha da Ciência e mãe da caridade, fossem todas as instituições como tu, o Santa Maçonaria, e os povos viveriam numa idade de ouvir Satanás não teria mais o que fazer na terra e Deus teria em cada homem um eleito” (A Maçonaria do Centenário 1822-1922, Antonio Giusti, pág. 33).

“A reunião de uma Loja Maçônica é estritamente religiosas Os dogmas religiosos da Maçonaria são poucos, simples, porém fundamentais. Nenhuma Loja pode ser regularmente aberta ou encerrada sem oração”. (The Freemason’s Monito, I.S. Weed, pág. 284).

“A Maçonaria é a religião universal porque abrange todas as religiões e o será enquanto assim fizer. É por esta razão, unicamente por ela, que é universal e eterna” (Antiga Maçonaria Mística Oriental, pág. 67).

Estrutura da Maçonaria

A Maçonaria é organizada em Ritos, sendo estes divididos em graus. O Rito Escocês tem 33 graus, equivalentes aos 10 graus do Rito York. Cada grau procura ensinar uma moral. Os graus 1 a 3 são os mesmos nos dois ritos acima mencionados. Ao atingir o grau 3, o maçom tem de escolher o rito Escocês ou o York, se pretender subir a escala hierárquica. Os 33 graus do rito Escocês são conhecidos apenas por títulos.

a) Os símbolos

Esquadro – significa que o maçom deve afastar-se de tudo aquilo cujo nível esteja em desacordo com a sabedoria, força e beleza;

Nível – ensina que todos os maçons são da mesma origem, ramos de um só tronco e participantes da mesma essência;

Prumo – é o critério da retidão moral e da verdade, que ensina o maçom a marchar, desviando-se da inveja, da perversidade e da injustiça;

Delta – triângulo com um olho no centro, representa todos os atributos da divindade e fica acima do trono do Venerável Mestre, entre o sol e a lua, que representam as forças do sumo Criador.

b) O culto

O 2º Código Maçônico diz que o verdadeiro culto a Deus consiste nas boas obras. No ritual para o candidato a Mestre Maçom (grau 3), o Venerável abre e encerra o trabalho em nome de Deus e de um padroeiro, no caso, São João da Escócia.

Cerimônias fúnebres

Nos funerais há uma cerimônia na loja, sem a presença do falecido; outra em uma igreja ou residência, e outra no cemitério. Em todas elas a salvação pelas obras é enfatizada e diz-se estar o falecido passando da Loja Terrestre para a Loja Celeste, o que logicamente implica o fato de crer a Maçonaria que o seu adepto esta salvo; salvação sem Cristo e seu sangue expiador.

Abertura de uma Loja

Somente o grão-mestre – o grande líder da grande loja de uma nação – pode aceder à abertura de uma nova loja. Depois da posse do mestre da nova loja, este recebe

a) A constituição;
b) O livro da loja;
c) A jóia do cargo.

O mestre, então, escolhe dois curadores, seus oficiais subordinados.

Requisitos para ingressar na Maçonaria

a) Ser homem;
b) Ter acima de 21 anos;
c) Ser indicado por um dos membros;
d) Ter boa reputação;
e) Ser economicamente ativo.

O passo a passo da iniciação

O candidato, em linguagem maçônica denominado profano, assina uma proposta de filiação à Maçonaria. O proponente é o padrinho. Na proposta, o profano é obrigado a declarar quanto ganha mensalmente, nome, profissão, estado civil, grau de instrução, residência, procedência etc.

Recebida à proposta, três maçons são indicados pelo presidente da loja para fazer sindicância em torno da vida do profano.

O Processo de iniciação na Loja

Uma vez satisfeitas as exigências pelo pretendente a maçom, é marcada a cerimônia de iniciação do candidato;

O profano começa a ser introduzido em um lugar retirado em que ele deve despojar-se de todos os objetos de metal que traga. Levam-no, sem seguida, para uma sala isolada, chamada “Câmara de Reflexão”. As paredes são completamente negras e, como decoração, apresentam esqueletos, cabeças de mortos e lágrimas como as que se veem nas cortinas funerárias. Veem-se, também, uma foice, um galo e uma ampulheta, todos de grande significado dentro da Maçonaria. Nas paredes estão gravadas reflexões solenes dentre as quais se destaca a seguinte: “Se perseveras, serás purificado pelos Elementos; sairás do abismo das trevas e verás a Luz”. O irmão que levou o neófito para a sala de reflexão, tira-lhe a venda dos olhos e diz: “Breve passareis para uma vida nova (...) Respondei por escrito às questões que vos são apresentadas e fazei o vosso testamento”.

Prosseguindo a cerimônia de iniciação, o neófito é levado a despojar-se de uma parte de suas vestimentas. A perna de sua calça é erguida alto do lado direito e a meia abaixada de maneira que o joelho direito esteja descoberto. O pé esquerdo esta completamente descalço. O profano tem, novamente, os olhos vendados e é conduzido para a porta da Loja que esta fechada. Vai em busca da “luz”. Apresentam ao neófito um malhete, com o qual dá três rápidas pancadas na porta. Com as pancadas a porta se abre, mas o profano é detido pelo Guarda do Templo, que só lhe permite a entrada quando o irmão que o conduz lhe faz a apresentação: “É um profano em estado de cegueira, que deseja ser indicado nos Augustos Mistérios da Maçonaria”.

O candidato se aproxima da mesa do Venerável Mestre, que o convida a refletir novamente sobre a gravidade do passo que pretende dar, e insta para que se retire, se ainda não possui suficiente decisão; se o profano insiste em ser recebido, o Venerável Mestre ordena-lhe que se ajoelhe e pronuncia uma oração.

Os Juramentos

Segundo Raimundo F. de Oliveira, dependendo do rito no qual o neófito esta sendo iniciado (seja Escocês, Adoniramita, ou Francês), ele será levado a fazer juramentos.

Rito Escocês

O neófito tem o joelho direito em terra, os olhos vendados, a mão esquerda sobre o coração, a direita sobre a Bíblia, a espada, o compasso e a esquadria। A um golpe de malhete todos os presentes ficam em pé e o neófito repete o seguinte juramento:

“Eu, F., juro e prometo, de minha livre e espontânea vontade, sem constrangimento ou coação, sob minha honra e segundo os preceitos de minha religião, em presença do Supremo Arquiteto do Universo, que é Deus, e perante esta assembleia de maçons, solene e sinceramente jamais revelar os mistérios, símbolos ou alegorias que me forem explicados e que me forem confiados, senão a um maçom, regular ou em Loja regularmente constituída, não podendo revelá-los a prof. nem mesmo a maçons irregulares, e de nunca os escrever, gravar, bordar ou imprimir, ou empregar outro qualquer meio idêntico, pelo qual possam ser conhecidos; de cumprir todos os deveres impostos pela Maçonaria, com minha pessoa e bens: de respeitar as mulheres, filhas, mães ou irmãs de maçons; de reconhecer como de fato reconheço, por único chefe da Ordem, no Brasil, o Supr. Cons. do Gr. Or. Brasileiro, ao qual guardarei inteira e fiel obediência, bem como aos delegados e a todos os atos dele emanados direta ou indiretamente. Se eu faltar a este juramento, ainda mesmo com medo da morte, desde o momento em que cometa tal crime, seja declarado infame sacrílego para com Deus e desonrado para com os homens. Ame. – Amém. – Amém.”

Rito Adoniramita

Neste rito, no momento em que o neófito vai prestar seu juramento, o Venerável brada: - “Irmão sacrificador, apresente ao profano a taça sagrada, tão fatal aos perjuros”. O neófito bebe um gole e o Venerável dita o seguinte juramento:

“Juro guardar o silêncio mais profundo sobre todas as provas a que for exposta minha coragem। Se eu for perjuro e trair meus deveres... consinto que a doçura desta bebida se converta em amargor e o seu efeito salutar em mortal veneno”.

Rito Francês

Neste rito o neófito profere o seguinte juramento, de joelhos, por duas vezes:

“Juro e prometo sobre os estatutos gerais da Ordem e sobre esta espada, símbolo de honra, etc, etc, etc. Consinto, se eu vier a perjurar, que o pescoço me seja cortado, o coração e as entranhas arrancadas, o meu corpo queimado, reduzido a cinzas, e minhas cinzas laçadas ao vento, e que a minha memória fique em execração entre todos os maçons. O Grande Arquiteto do Universo me ajude”.

Semelhanças entre a Ordem Rosacruz e a Maçonaria

Segundo Irineu Wilges, em seu livro As religiões no mundo, existem alguns paralelos que demonstram várias semelhanças entre a Maçonaria e os rosacruzes. Ele cita alguns exemplos:

1) Têm o seu templo, ao qual às vezes chamam loja;
2) Têm os sinais de reconhecimento e palavras de passe e aperto de mão;
3) A ordem tem também diversos graus (há cerimônias especiais para entrada nesses graus);
4) Periodicamente, são solicitados relatórios sobre o bem-estar pessoal de seus membros;

Não falta também, semelhantemente a todas as fraternidades, a existência de contribuições mensais dos membros, e, além disso, há sempre uma taxa de registro – não entra quem quer, mas quem é aceito.


Johnny T. Bernardo
do INPR Brasil




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