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O pastor João e a Igreja Invisível

Inspirada na música de Raul Seixas "Pastor João e a Igreja Invisível" a atriz e publicitária Valéria Calado fundou, em dezembro de 2007, a Igreja Invisível. A sede da Igreja foi instalada no número 854, da Rua Tonelero, vila Ipojuca, na Lapa (SP), após a publicitária deixar o Santo Daime. De acordo com a fundadora, as religiões tradicionais tentam sempre nos transformar naquilo que realmente não somos. Seus adeptos se consideram cristãos e realizam rituais em busca de estados alternados de consciência. São poucas as informações disponíveis sobre a igreja, a não ser alguns comentários postados em blogs e o enigmático site igrejainvisivel.com.

O que é a Igreja Invisível

No site oficial da entidade é dito que a Igreja Invisível é uma organização de caráter religioso, de finalidade não econômica, apartidária, regida pela legislação vigente, e constituída por prazo indeterminado. Para alcançar sua prerrogativa, poderão ser desenvolvidas as seguintes atividades:

a) Desenvolver programas de reeducação emocional e mental;

b) Ministrar cursos, palestras e workshops voltados à saúde mental e física, a todos os seres humanos;

c) Realizar encontros comemorativos e celebrativos em datas específicas;

d) Exibir filmes, peças teatrais, exposições, performances e outros tipos de eventos artísticos relacionados e que atendam às finalidades de nossa instituição.

Segundo a revista Época, instalada quase em frente à tradicional Igreja de Santo Antonio, a Igreja Invisível não segue nenhum preceito religioso – apesar de seus membros se definirem como cristãos e negarem ser agnósticos. Mistura de centro cultural e espaço terapêutico, a entidade esta envolvida na luta antimanicomial e comanda ações sociais para portadores de doenças mentais. Uma das iniciativas sociais da Igreja Invisível, que tem uma mini produtora de audiovisual no espaço, é o Projeto Carrano, em homenagem ao escritor Austregésilo Carrano, autor do livro Cantos dos Malditos, adaptado para o cinema no filme Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky.

O pastor João e a Igreja Invisível

A música que inspirou Valéria Calado ao fundar a Igreja Invisível foi composta por Raul Seixas em parceria com Marcelo Nova durante a década de 70 e tem como alvo o bispo Edir Macedo e a IURD. Com o tempo, a letra passou a ser usada para ridicularizar outros pastores e igrejas evangélicas.

Eu não sei se é o céu ou o inferno Qual dos dois você vai ter que encarar E foi pra não lhe deixar no horror Que eu vim para lhe acalmar

Se o pecado anda sempre ao seu lado E o demônio vive a lhe tentar Chegou a luz no fim do seu túnel, minha filha O meu cajado vai lhe purificar

Pois eu transformo água em vinho, Chão em céu, pau em pedra, cuspe em mel Pra mim não existe impossível Pastor João e a igreja invisível (4x)

Para os pobres e desesperados E todas as almas sem lar Vendo barato a minha nova água benta Três prestações, qualquer um pode pagar

O sucesso da minha existência Está ligado ao exercício da fé Pois se ela remove montanhas Também tráz grana e um monte de mulher.

Pois eu transformo água em vinho, Chão em céu, pau em pedra, cuspe em mel Pra mim não existe impossível Pastor João e a igreja invisível (2x)

Haa! Pastor João e a igreja invisível (3x)

A Experiência Invisível

O principal ritual praticado pelos adeptos é conhecido como "Experiência Invisível". Valéria Calado define o encontro como uma busca de estados alterados de consciência, onde cada pessoa experimenta o seu. Se no Santo Daime o centro da experiência religiosa gira em torno do chá Ayahuasca, na Igreja Invisível o alucinógeno usado é o chá de gengibre. Baseado na música o pastor João e a igreja invisível, duas figuras se destacam no ritual: um adepto travestido de Raul Seixas e outro representando o pastor João. A encenação é acompanhada pelos adeptos que usam máscaras e carregam incensários nas mãos.

O ritual é encerrado com a apresentação da banda Exu do Raul. De acordo com Dennis Brandão, segundo líder da II, "acredito que o Raul baixa em mim de verdade". Uma das músicas cantadas pela banda e composta por Raul Seixas – Gostei – demonstra quão diabólica é a II. Na letra "por que o Cristo não desceu lá do céu e o veneno tem gosto de mel?", é uma blasfêmia a pessoa de Cristo e a esperança evangélica de sua vinda. O veneno é uma referência ao pecado e a entrega aos prazeres da carne.

Johnny Bernardo

é apologista, escritor, jornalista, colaborador da revista Apologética Cristã e fundador do INPR Brasil (Instituto de Pesquisas Religiosas). Há mais de dez anos se dedica ao estudo de seitas e heresias, sendo um dos seus campos de atuação a fenomenologia religiosa e religiosidade brasileira.

É também o autor da matéria “Igreja Dividida, as fragmentações do Catolicismo Romano”, publicada no final de 2010 pela Revista Apologética Cristã (M.A.S Editora). Assina também a coluna Giro da Fé da referida revista.

Contato

pesquisasreligiosas@gmail.com
johnnypublicidade@yahoo.com.br.



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